domingo, 18 de setembro de 2011

Diários de Viagem: Milão - Capítulo 1



Ontem (27.08), na vinda do aeroporto para o hotel, percebi que a cidade tem muitas semelhanças com Buenos Aires (não quero dar a impressão de que foi Milão que copiou Bs. As.) e um toque sutil de Londres.

No ônibus, conheci um casal de finlandeses, que tava mais perdido que eu. Tiveram dificuldade para entender que era preciso validar o bilhete no ônibus, na verdade nem tinham um e um senhor italiano, vendo a dificuldade deles, se levantou e deu um bilhete para eles. Era um tipo simples, meio bronco até, mas me chamou a atenção o cuidado e a preocupação dele com o casal.

Ainda no ônibus eles me perguntaram se eu sabia onde era o Duomo, ao que respondi que não, mas ia descer ali pois meu hotel deveria ser perto da catedral.

Descemos no último ponto do 73, iniciamos uma conversa meio sem pé nem cabeça, até descobrir que eles tinham morado um tempo no Brasil.

Começamos, então, a vagar pela rua até encontrar um casal de italianos com seus dois filhos que nos deram algumas indicações, apesar de estarmos em hotéis diferentes.

Essa família me indicou perguntar para uns policiais que estavam ali na praça o caminho até meu hotel.

Não pude deixar de notar que o verão pra eles foi muito bem aproveitado, todos bronzeados, gente bonita por toda parte e o astral sempre pra cima.

Chego no hotel, um senhor muito simpático na recepção me ajuda com um check-in rapidíssimo. Tomo um banho e saio pra almoçar.

Comi um nhoque aos quatro queijos num restaurante que me dava vista pro Duomo. Ali começou meu exercício de dolce far niente. Fiquei um tempão entre o almoço, uma taça de gelato e um café, sempre olhando para o comportamento das pessoas, garçons e colegas de refeição.

Entre uma caminhada e outra parei para um gelato de chocolate e pistache. Esse sim é o verdadeiro sorvete de pistache!

À noite, encontrei um restaurante muito simpático chamado 'Papà francesco', onde o showman Paolo demonstrava na prática a teoria de que os italianos são ousados na abordagem às mulheres. Paolo é um manager do lugar, se não for o dono, e mesmo sendo casado e ter dois filhos (ele comenta isso quase que de mesa em mesa), não se furta a lançar galanteios às belle ragazze que aparecem em seu restaurante.
Insiste para os garçons que façam contato com cada pessoa que pára em frente ao cardápio que fica na calçada à porta do estabelecimento.

Em dado momento, vem até mim e pergunta meu nome e de onde sou. Faz o mesmo com dois outros clientes, cada qual sozinho em sua mesa. E finaliza dizendo que somos três sozinhos, mas um grupo!

Descubro aí que a sogra de Paolo é brasileira, de São Paulo, com que ele cria uma identidade comigo e chega a me oferecer um limoncello quando já tinha pago a conta e ia me despedir dele.


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Hoje, depois de visitar a Igreja Sta. Maria delle Grazie e o Cenacolo Vinciano, sento em um café para fazer um lanche.


Peço um brioche alla creme, delicioso por sinal, e um cappuccino con panna.

Sentado em minha mesa, ouço uma senhora que passa em frente ao Café dizendo repetidas vezes "Ma Donna Mia".

Incrível, mas todos no Café, incluindo eu, nos levantamos e olhamos em direção ao ocorrido.

Um tram passou por um carro e lhe arrancou o espelho retrovisor. Olho pra trás e todo mundo no bar vendo a mesma cena que eu...

Uma mulher, que estava de passageira no carro, desce, recolhe os cacos no meio da rua e volta pro carro aos berros com o/a motorista.

Nesta hora, em mais um momento dolce far niente, resolvi escrever esse diário pra retratar alguns fatos que tenho visto aqui em Milão.

2 comentários:

  1. Excelente iniciativa, Lineu. E você escreve muito bem. E pega as coisas interessantes do lugar. Estive em Milão e no Cenáculo. preciso sescrever sobre isto, antes que se esvaia da memória!!!

    Dúvida: será que se o casal em apuros fosse africano, o italizano ia ajudá-lo?

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  2. Obrigado Homero,

    Agora, se o casal fosse africano... Aí já seria outra história, que infelizmente eu não "escrevivi".
    Abs.

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