01.06
Hoje peguei a "linha 2" do ônibus turístico que usei ontem. O trajeto inclui outras atracões fora do circuito clássico berlinense.
De certa forma me surpreendi com o tom crítico e irônico do guia sobre alguns aspectos da realidade alemã e o "german way of doing things", se é que me entende.
Um exemplo: quando chegamos na estação central de trem da cidade, inaugurada em 2006 por conta da Copa do Mundo, o comentário dele foi de que aquela gigantesca construção teria custado apenas sete (7!) vezes mais do que o planejado e teria diminuído o tempo de viagem a Paris em - míseros - dois (2!) minutos.
Qualquer semelhança com os dias que vivemos no Brasil e as discussões sobre as obras para a Copa e os Jogos Olímpicos (não) é mera coincidência!
Outro ponto que me chamou a atenção durante estes dias em Berlim foi uma sensação - que pode ser apenas isso - de que toda essa exposição sobre nazismo e Muro de Berlim pode represar sentimentos nacionalistas nos alemães.
Não sei se eles se acostumam em ver e ouvir isso todos os dias, mas eu - nos poucos dias que fiquei aqui - me impressionei com a suposta naturalidade com que eles lidam com essa história.
Me pergunto, inclusive, se o fato de praticamente todos falarem inglês não é excesso de influência da época em que os americanos por aqui estiveram.
Como exemplo, em Paris - e a França foi uma das vencedoras da 2ª Guerra junto com os EUA - não se vê essa disseminação toda do idioma.
Pode ser uma mega teoria da conspiração, mas alas políticas mais nacionalistas estão ganhando força por aqui e, lembrem-se, foi uma onda dessas que levou Hitler ao poder depois da 1ª Guerra...
Por outro lado, a extrema proximidade entre os países e a intensa relação entre eles - especialmente depois do advento da União Europeia - pode ser determinante para que praticamente em todos os países se fale inglês para manter a comunicação aberta e facilitada entre eles.
Se você quer saber mais e ver como era o Muro durante 1961 e 1989, o lugar a visitar é o Gedenkstätte Berliner Mauer. Ali é possível ver um trecho do Muro (são dois muros na verdade!) antes da queda e ver um pouco mais da sua história num museu a céu aberto. Não deixe de subir numa plataforma para ter a visão por cima!
Agora, se o que você gosta é de arte, vá até a East Side Gallery. Ali, no maior trecho do Muro ainda em pé, vários artistas pintaram pedaços do Muro com sua arte! Obras clássicas e bela vista do rio que corta a cidade, além de poder comprar um pedaço do Muro na loja de souvenir que fica ali.
A atracão que eu mais esperava ver nesta parte do passeio era um bunker - abrigo de guerra - da época da 2ª Guerra aberto a visitação.
Por um golpe do destino e pela infinidade de obras existentes na cidade, fiquei preso num engarrafamento dentro do ônibus e não cheguei a tempo de pegar a visita guiada em inglês.
[Dica: se você quer visitar o bunker preste atenção para os horários das visitas em inglês - a não ser que você entenda alemão, o que não é o meu caso. Duas opções no período da tarde: 13h e 16h]
Como não consegui ver o bunker segui no ônibus até a Karl-Marx-Allee, uma larga alameda do lado oriental da cidade e que servia para os desfiles militares e comemorativos da Alemanha Oriental.
Achei impressionante a semelhança do lugar com algumas das avenidas de Brasília! Não sei se Niemeyer bebeu dessa fonte ou se é piração minha...
Enfim, a avenida começa num portal com duas altas colunas - não fui até lá, é muito longe (essa é uma das dicas dos guias: Berlim é muito grande e as distancias podem enganar, portanto cuidado achando que tudo é perto ou você vai andar um bocado) - e termina na Alexanderplatz.
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